Embore leve quando em vez uma mordida na escola, minha filha de 2 anos e meio ainda não descobriu a mordedura.
Digo "ainda" porque a experimentação oral é esperada: etapa necessária do desenvolvimento humano, embora eu receba muitos pais preocupadíssimos com o comportamento pretensamente "agressivo" de seus filhos nesta idade. Morder eventualmente os coleguinhas da creche não é nada preocupante.
A angústia da fase oral, pela qual estes pequenos estão passando ( mesmo tão pequenos já tem suas primeiras angústias inconscientes!) tem a ver com a definição dos limites do corpo através da oralidade. Colocar objetos na boca, sentir o gosto, a textura, ter vontade e medo. Engolir, ser engolido. Misturar, separar. Ser um só, ser eu mesmo. A mamãe me engoliu ( sim, para a barriga de novo!) e eu acabei ou mamei a mamãe até ela acabar? Tudo é pensado- se fosse pensado como nós entendemos- do ponto de vista da boca. Pode parecer exagero, mas para quem há menos de 2 anos ainda estava preso a um cordão umbilical, dilemas orais são uma enorme evolução e sinalizam que a individualidade está sendo formada saudavelmente e que este pequeno serzinho já percebe-se como autônomo.

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